Sobre crescimento

Ontem foi um dia extremamente exaustivo, emocionalmente falando. Na verdade, HOJE foi, mas escrevo esse texto com a intenção de compartilhá-lo um dia depois e minha ansiedade me limita a pensar no momento presente sem imaginar o dia de amanhã.

Eu terminei meu expediente de trabalho às 19h, 1 hora depois do meu horário regular de trabalho e à tempo da minha terapia. Abri o chat e pedi 15 minutos para que pudesse esvaziar minha mente e começar a sessão como de costume. Ela assentiu. Iniciamos às 19h20, com a seguinte fala: “Renata, acredito que a sessão vai ser improdutiva hoje.”

Essa fala veio de um lugar de incapacidade. Me senti impotente e vulnerável porque acreditava que nada de útil viria de um lugar que já havia sido consumido por 9 longas horas de árduo trabalho intelectual. Mas a sessão correu, e conversamos como de costume.

Me levantei, desci as escadas e essa foi a primeira imagem que vi de mim depois desse longo dia:

Para você que me conhece, não me conhece ou acabou de conhecer, talvez venha o pensamento de “ah, você parece cansado” ou “ah, nada me chamou a atenção”. O que você não entenda, talvez, é que eu me reconheci nessa foto, e o pensamento de “hoje foi um dia cansativo” deu lugar a “Leco, você É assim há um tempo”. Foi um momento de percepção, mas um dos difíceis, porque eu ainda me reconhecia em outra imagem:

Por trás de todas as relações ou responsabilidades, eu ainda me via como o Leco moleque. Moleque não no sentido de me isentar das responsabilidades, mas sim do olhar inocente para o mundo. Do riso bobo, do choro lavado, sabe?

E nesse momento, ainda de frente para o espelho, eu lembrei do choro longo no último dia de ensino médio; do choro no busão à caminho da matrícula da faculdade. Do choro soluçado do último dia da Jr; do choro escondido do fim do meu primeiro namoro e, por fim, do choro escandaloso ao final da apresentação da minha última TABU. A conclusão foi pensar quando parei de chorar dessa maneira, e a conclusão da conclusão foi pensar quando parei de me importar tanto por algo que me fizesse chorar dessas maneiras.

Esses momentos não vieram aos meus pensamentos à toa; todos ilustram ápices de crescimento:

E do fim do ciclo de crescimento vem também o fim do moleque. Ele não foi embora com aquela TABU, mas ele começou a ir embora ali.

O fim da graduação pode ser muitas vezes a porta de entrada para a “vida adulta”, e a vida adulta é chata, se deixar ser. Não há crescimento, não há nada diferente da rotina trabalhar-pagar-comer-dormir. Não há choro longo nem choro curto ou choro escondido e choro escandaloso. Há a vida, morosa, dia após dia. Há responsabilidade, dias exaustivos e dias nos quais você janta em um lugar bacana.

Esse é um pensamento fácil e, por vezes, acolhedor. A gente tende a aceitar aquilo que nos é dado, não é? Por outro lado, chegar nesse ponto e reconhecer que aquela pessoa que você tanto gosta não existe mais é extremamente difícil. É dolorido, mas que bom que eu tive a chance de trazer à tona meus momentos de crescimento. Me lembrou como eu gosto de crescer, e ser melhor do que era ontem.

Os meus momentos me lembraram de ciclos, ciclos me lembram de recomeços.

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